Karina Milei, irmã mais nova do presidente da Argentina, Javier Milei, e secretária-geral da Presidência, está no centro de um escândalo de corrupção que tem abalado o governo desde que as denúncias vieram à tona, na última quarta-feira (20).
Acusada de participar de um esquema de cobrança de propinas na compra de medicamentos para a rede pública, ela é apontada como beneficiária de até 4% do faturamento desviado de indústrias farmacêuticas.
A denúncia partiu de áudios vazados atribuídos a Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional para a Deficiência (Andis) e ex-aliado próximo de Milei.
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Ele afirma que o esquema, que envolvia até 8% do faturamento das farmacêuticas para garantir contratos com o governo, rendia cerca de US$ 800 mil mensais (aproximadamente R$ 4,3 milhões).
Além de Karina, Eduardo “Lule” Menem, outro aliado do presidente, é citado nos áudios como operador do esquema, com apoio de empresários de uma distribuidora argentina.
Spagnuolo, demitido na quinta (21), é um dos cinco réus no processo, que investiga crimes como corrupção, administração fraudulenta e violações à ética pública.
Na sexta-feira (22), a polícia argentina realizou 16 buscas, apreendendo celulares, máquinas de contar dinheiro e US$ 266 mil em espécie (cerca de R$ 1,5 milhão). O juiz federal Sebastián Casanello proibiu os investigados de deixar o país, e quatro celulares, incluindo o de Spagnuolo, estão sob perícia para verificar a autenticidade dos áudios.
Quem é Karina Milei?
Karina, de perfil discreto e avessa a entrevistas, é considerada o “braço direito” de Javier Milei. Apelidada por ele de “El jefe” (“O chefe”), ela organiza a agenda presidencial e controla o acesso ao irmão, o que lhe confere grande influência política.
Antes de entrar na política, Karina gerenciava negócios próprios, como uma confeitaria e uma oficina de pneus, e estudou Relações Públicas. A trajetória dela mudou ao apoiar Javier em palestras como economista, tornando-se peça-chave na campanha que o levou à Casa Rosada.
Repercussão e resposta do governo
O escândalo eclodiu em um momento crítico, a duas semanas das eleições provinciais em Buenos Aires e a menos de dois meses do pleito legislativo nacional.
A crise pode enfraquecer o discurso anticorrupção de Milei, que enfrenta um Congresso hostil, segundo analistas. Parlamentares já discutem a criação de uma CPI para investigar as denúncias.
Javier Milei, que ainda não se pronunciou diretamente sobre o caso, apareceu sorridente ao lado da irmã em um evento na segunda-feira (25). O governo classifica as acusações como “perseguição política”.
Guillermo Francos, chefe de gabinete, afirmou que o presidente está “tranquilo”, enquanto Martín Menem, presidente da Câmara dos Deputados e primo de Lule Menem, defendeu os acusados, chamando os áudios de uma “operação política”.
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