O número de servidores ativos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) está quase 30% abaixo do registrado em 2014.
Nos últimos dez anos, houve redução contínua de profissionais em cargos estratégicos, como analistas e técnicos ambientais.
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Atualmente, o quadro ativo reúne 2.865 servidores, considerando os cargos de analista administrativo, analista ambiental, auxiliar administrativo, técnico administrativo e técnico ambiental, com base nos dados de abril.
Em 2014, o total era de 4.045, segundo levantamento do R7 via Lei de Acesso à Informação.
O menor número foi registrado em 2021, com 2.480 servidores — queda de 38,6% em relação a 2014. Em resposta via LAI, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima apontou as áreas mais impactadas pela redução de pessoal:
– Fiscalização ambiental: Com menos fiscais em campo, a execução de operações enfrenta dificuldades, comprometendo o controle sobre crimes ambientais.
– Licenciamento ambiental: A ausência de técnicos e analistas interfere na qualidade das informações que embasam decisões e políticas.
– Gestão e planejamento: A escassez de gestores limita a implementação de ações em diversas regiões e prejudica o atendimento a cidadãos e empresas.
No setor de fiscalização ambiental (analistas e técnicos), responsável por prevenir desmatamento e outros danos, o instituto conta com 775 profissionais em todo o território nacional.
De acordo com o Ministério, um estudo técnico estima que o número ideal de servidores para o pleno funcionamento do órgão é 3.535.
Nomeações previstas
O Ministério do Meio Ambiente afirmou que, nos últimos anos, 2.712 servidores deixaram o Ibama por aposentadoria, exoneração, demissão, falecimento, redistribuição ou posse em outro cargo.
A média anual de desligamentos tem sido de cerca de 225 servidores, com pico em 2015, quando ocorreram 341 saídas.
Para reconstituir a força de trabalho, a pasta destacou concursos realizados em 2021 e 2025. Está prevista, ainda neste segundo semestre, a nomeação de 460 novos servidores para os cargos de analista ambiental e analista administrativo.
Também houve reforço no orçamento da autarquia. Em 2014, os recursos totalizaram R$ 1,3 bilhão. Em 2025, o valor alcançou R$ 2,27 bilhões.
Licenciamento ambiental e nova MP
Uma medida provisória publicada em 8 de agosto aumentou a demanda por pessoal no Ibama. A MP trata da Licença Ambiental Especial (LAE), mecanismo que fazia parte do antigo Projeto de Lei do Licenciamento Ambiental — apelidado de “PL da Devastação” por ambientalistas.
Embora o governo tenha vetado 63 trechos do PL, considerou o LAE um avanço. Os pontos que permitiam análise em fase única foram retirados, mas a MP validou o uso da licença.
Agora, o Ibama tem prazo de 12 meses, a partir da entrega completa da documentação, para emitir parecer técnico em projetos classificados como urgentes ou especiais.
A medida pode destravar, por exemplo, a análise da exploração de petróleo na foz do Amazonas.
A ministra Marina Silva, ao comentar a nova regra, reforçou a necessidade de uma equipe específica para esse tipo de demanda:
“É preciso que seja assegurado que tenha equipe. Se não tivéssemos tido um concurso recente, eu falaria sobre a importância de fazer um novo [certame]. Porque vamos ter mais equipes voltadas para determinados empreendimentos e não posso abrir mão de outras dinâmicas”, declarou durante coletiva de imprensa.
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