Com uma história milenar, inovação tecnológica, avanço como potência econômica mundial e uma das maiores populações do mundo, a China ganha destaque cada vez maior em diversas áreas. Motivada a criar vínculos com o país asiático, a assessora executiva do Estado de Mato Grosso, Ariana Guedes de Oliveira, está no país há 6 anos. A mudança ocorreu em setembro de 2019, após já ter residido na capital Beijing e em Xangai. Atualmente, entretanto, se fixou em Hainan, uma província de 10 milhões de habitantes localizada no extremo sul do território chinês.
A primeira viagem para o país foi em 2015, quando fez parte de uma delegação montada pelo governo federal para tratar sobre a Ferrovia Bioceânica. O projeto visa uma parceria entre os governos para a construção de um corredor ferroviário, que coloca Mato Grosso na rota para receber os trilhos.
Arquivo pessoal
Durante a visita, a servidora pública percebeu que era necessário se aproximar de uma visão mais oriental, a fim de expandir as relações além do comércio.
“Percebi que estávamos olhando para o lugar errado. Por que olharmos para o ocidente se a nossa vida está toda voltada para o oriente? Principalmente com as nossas relações com a China. A gente tem que estar na China, porque precisamos ter mais que uma relação comercial, precisamos expandir essas relações para o âmbito social, educacional, de tecnologia e inovação. Não existe uma relação que perdure, que seja consistente, se ela só ficar na base de dois produtos, de importação e exportação. Então, essa foi a minha motivação”, explica a assessora.
No primeiro contato que teve com o país, Ariana lembra o choque cultural inicial em relação ao idioma e à alimentação. No entanto, com as visitas anuais, até se mudar definitivamente em 2019, ela conseguiu se adaptar facilmente a essas diferenças.
“Em 2015, pouquíssimas pessoas falavam inglês, mas isso mudou muito rápido na China. A forma como eles implementam programas educacionais, no sentido de preparar a população para estar inteirada de forma global, tanto os estudantes, quanto os empresários, quanto o setor acadêmico. Então, a China tem essa visão de que o inglês é importante para negociar”, relembra.
Arquivo pessoal
Outro aspecto que despertou sua atenção foi a forma como a sociedade chinesa pensa de forma coletiva, que foge a lógica ocidental voltada para o individualismo.
“Uma coisa que choca é a modernidade, a funcionalidade das cidades pensadas para as pessoas. Não para uma pessoa ou um pequeno grupo de pessoas. Então, eles valorizam muito a história, a educação e o trabalho. Eu acho que isso é gritante com relação à nossa cultura ocidental”, pontua.
A servidora também percebe divergências na maneira de viver da população de cada país. Entre os hábitos mais perceptíveis para ela está a cultura chinesa de chamar a polícia em situações em que o brasileiro não chamaria. Por exemplo, no momento de uma compra, se sentirem que estão sendo lesados, eles irão chamar a equipe policial.
“Para tudo eles chamam a polícia. Questão do direito do consumidor é algo que chama atenção. Eles também são muito supersticiosos, isso chama muita atenção. Eles são muito barulhentos também. Então tem hora que eles falam, parece que eles estão brigando, mas, na verdade, eles estão conversando”, detalha.
As cidades chinesas também demonstram sua tecnologia pelo número de câmeras de segurança. A servidora se sente mais segura no país, até mesmo em lugares remotos como vilarejos. O povo chinês demonstra muita receptividade com os estrangeiros, o que contribui para este conforto.
“O estrangeiro é muito bem tratado, ninguém quer problema com o estrangeiro. Além das câmeras, tudo é monitorado, cada centímetro do espaço chinês é monitorado. Você pode sair da sua casa de madrugada, não tem horário, não tem região que não seja segura”, finaliza.
Faça um comentário